fevereiro 27, 2012

A militarfora ticotecoana


Naquilo que escrevo, derramo um pouco de tudo que há em mim. Com este espírito, caminhava num desses serviços estatais dos quais sou incumbido, quando, dialogando com meus pares, recordo Jô Soares. Perorava o Gordo: "durante o regime militar, as guarnições eram sempre compostas de três infantes; um sabia ler, outro, escrever, e um terceiro comandava esses dois gênios”.

É claro que ele não fazia qualquer referencia réproba em relação a milicianos de esquina, mas aos generais que conduziam nossa patria mãe gentil; a saber: General de Exército, Brigada e Divisão. Nietzsche, assim como o Gordo, sabia que militares não são forjados para governar, mas para guerrear. Ele mesmo, um militar, reconhecia a importância da vida nos moldes militares.

Quando comandar imiscui-se com governar – o que acontece amiúde – e  esses dois verbos confundem-se, o julgamento da história reserva seu mais ácido vilipêndio. Governar vidas não é tarefa para caserna.  Mas eis que num dia qualquer, Tico e Teco, CEO e Sub-CEO, respectivamente, num encontro estelar, parafraseando uma conversa entre louras, jaziam assombrados por uma inquietante dúvida:

Tico: Que fazer com esta noz estragada, será ela como a maçã podre do cesto? Meu sub-CEO estrelado, venha, UUU, resolver tamanha inquietação de minha alma!
Teco: Chama-me, ó Senhor dos Senhores? Sentes de teus escrotos brotar inquietante dúvida, laborioso mestre?
Tico: Vê, Teco, uma noz estragada, que fazer para que não infeste o cesto? Dize-me!
Teco: Mestre estelar, por que simplesmente não a lança fora?
Tico: Ó, brilhante efebo, que  majestosa conclusão, digna de um subordinado meu! Mas ainda assim temo lançá-la ao lixo...
Teco: Por que, honorável estrelado?
Tico: Pensa comigo: Não é depois de apodrecida a fruta que das sementes brota a vida? Ao lançá-la fora, descarto frondosa árvore que poderia advir de toda esta podridão...
Teco: Ora, então lança-a à lama, que é seu lugar agora.
Tico: Ó, brilhante sucessor, enalteces ainda mais meu cargo!

Tico buscou então o primeiro lamaçal e lançou a noz podre para que pudesse gerar frondosa árvore. Ao executar a ação, vê um transeunte e exorta: 'vê, acabo de lançar esta noz podre à lama, para que possa brotar frondosa árvore'.

O transeunte retruca:
Serviste apenas de ponte, pobre de espírito. Uma ponte esburacada. Pois se tivesses cuidado-a, mais cedo prodigalizaria seus frutos! Vê, em tua ignorância atinavas ter feito o bem, todavia, nada fizeste além de servir de ponte esburacada.

Mas quem és tu, ó, estranho, que fala com tamanha eloqüência – argüiu Tico - pois dentre meus subordinados, todos concordavam que era o mais adequado a fazer.

Eu sou o juiz da História, sou Zaratustra, sou aquele que enfim livrar-te-á da tua miserabilidade estelar.

Tico sai então, rindo de si para si, sem atinar que o estranho vira em sua aura estelar aquilo que realmente era: uma ponte esburacada.


#Fz!